Fortaleza Positiva

Quando falamos de pessoas que aparentemente são fortes, analisamos esse aspecto de longe e concluímos que existe um motivo, uma razão, um fundamento, base, causa… raiz…

Olhando para esse ponto inicial, chegamos na resposta e o óbvio é constatado, a Fortaleza tem como base ou raiz experiências negativas!

Momentos que fazem de uma pessoa o que ela é… Bruta por ter apanhado demais, Fria por ter sofrido demais, Vazia por ter acreditado demais…

Essa visão passa a ser uma espécie de padrão para determinar ou classificar pessoas com esse aspecto. Sempre que houver uma Fortaleza tem uma Defesa!

Será que uma Fortaleza nasce sempre como Defesa?

Questiono e protesto! A Fortaleza pode, e muitas vezes é, uma demonstração de Conquista! Estranho pensar assim ou afirmar isso?

Quando sabemos nossa jornada, cada pedra chutada ou cada desafio vencido, a bagagem vai ficando pesada de muito conhecimento, não apenas aquele que chega por palavras, mas, aquele que chega pela vida.

O peso da nossa bagagem é a base da nossa Fortaleza Positiva!

Eu não tenho dúvidas do que eu sei porque estudei, vivenciei, me preparei para chegar até aqui! É convicção, não é imposição. Eu sei, eu posso, eu faço!

Nossa Fortaleza nunca é derrubada justamente por isso, porque ela é resignificada. Com o tempo a sustentação é renovada, o que era dor, passa a ser louvor!

Minha Fortaleza vive para dizer que a caminhada foi árdua, mas hoje, ela é resiliente, consciente e tem a fé como guia e sustentação!

Então, não! Eu não vou acatar, concordar, me calar! Hoje eu sou quem sou porque ontem não sabia quem eu era e arrisquei mesmo assim! Minha Fortaleza me abraça, me acolhe, porque dela fiz minha morada, meu abrigo, um lugar só meu!

Sentir para além de pensar

Quando a vida nos coloca diante de forasteiros, nossa primeira reação é de defesa. Não sabemos o que esperar diante de uma presença desconhecida. Quais são suas intenções? Essa é a primeira pergunta que fazemos. E se perguntassemos: O que fez nossos caminhos se cruzarem? Será que isso mudaria a nossa percepção diante daquele ser desconhecido? Será?

Pessoas entram em nossas vidas das mais diversas formas. Algumas vezes nascemos e elas já estão ali prontas para nos receber. Outras vezes, ganhamos a percepção de ser e olhamos para os amiguinhos da escola e vemos que são especiais. Muitas vezes entendemos que os novos sempre irão chegar, já que a vida é uma constante cheia de ciclos.

Vou falar de alguém que entra em nossas vidas por meio de palavras. Não sabemos seus anseios, desejos, sonhos, sentimentos, compreensão de mundo, mas quando ouvimos as histórias que envolvem essa pessoa, nosso imaginário vai criando uma ideia de como ela é. Não sabemos a cor dos seus olhos, não sabemos sua altura, não sabemos o som da sua voz e nem suas nuances e trejeitos. As palavras são o ideal daquele ser.

Quando as palavras ganham a imagem real da forma do ser, seja por fotos, vídeos ou um encontro casual, nosso imaginário tenta encaixar tudo o que já foi dito naquilo que está sendo visto. A gente observa o olhar, os gestos, ouve o som da voz e começa a construir o ser em si.

A vida pode terminar esse encontro exatamente neste instante. Ela pode deixar esse instante como um convite para um depois ou para um quem sabe, mas, pode fazer desse encontro a primeira ponte de conexão para o além do aqui e agora.

Se a conexão é o resultado deste encontro, a experiência é transcendental, não tem explicação para tamanha identificação e completude. Parece que somos extensão de algo maior. A lealdade é o primeiro sentimento resultante desta conexão. O primeiro encontro já deu origem a tudo que se pode sentir, mas a lealdade surge no momento em que o ser se completa, quando ele deixa de ser a voz que se ouve por minutos, o olhar trocado, a educação social.

Compartilhar ideias, vivências, sentimentos e trazer para a vida esse ser, pode significar muitas coisas e pode levar a diversos caminhos. Quem tem o coração puro e sente de forma profunda nunca espera o Adeus, nunca imagina que esteja sozinho, mas compreende quando a vida mexe as peças e coloca cada um numa posição no tabuleiro.

Perceber o que deve ser feito é algo que exige muita clareza de si. Nosso Ego é predominante em nossas vidas porque ele é o que pensamos. E quase sempre o que pensamos se sobressai ao que sentimos. Porque o que sentimos é o que somos.

O que somos é a verdade sobre nós (sentir) e o que pensamos ser é a mentira (ego) que alimentamos e usamos em momentos de cegueira. Quando questionamos o nosso pensamento, conseguimos chegar perto do que sentimos, logo, do que somos. Não é fácil seguir esse caminho porque o Ego é predominante nas pessoas, é raro alguém sentir mais e pensar menos. Somos estimulados a dar ouvidos a nossa razão e não à nossa emoção. O que não sabemos é que nossas emoções são racionais quando paramos para questionar o que estamos pensando.

Confrontar o Ego, sem medo, sem amarras, despido de tudo é um movimento perturbador, doloroso que sangra o coração. Afinal, a gente passa a ver o que somos e que fizemos em nome do Ego. Deixamos para trás oportunidades preciosas, decisões cruciais e pessoas importantes quando o Ego é o protagonista de nossas vidas. Isso vai doer quando a ficha cair!

Se ou quando a ficha cair, SINTA a dor que faz de você o que você é. Não PENSE, apenas sinta! O Ego morre quando sentimos. E quando sentimos, percebemos que ainda temos tempo para oportunidades, para decidir e para recuperar a importância das conexões!

Conversando consigo

Hoje quis ouvir algumas coisas sobre o caminho que percorri ao longo da vida. Olhei para o horizonte e avistei uma pedra no alto da paisagem, fui até ela e sentei.

Comecei a refletir sobre meus sonhos de criança e meus projetos de adolescente, percebi que hoje é tudo diferente e quis entender o motivo para isso: Por que a vida não me proporcionou aquilo que eu queria e sim coisas que nunca cogitei?

Quando eu fiz essa pergunta, fechei os olhos e quando abri, tinha uma pessoa sentada ao meu lado. Vestia algo parecido com uma burca, mas era toda branca, eu só conseguia ver que tinha alguém ali por conta da renda que cobria os olhos.

Eu fiquei observando por alguns instantes e quis saber se essa pessoa estava ali mesmo, tentei tocar seu ombro quando uma voz angelical disse: Estou aqui! Diga, o que quer saber?

No mesmo instante dei um pulo para fora da pedra, meu coração acelerou e ela continuou: Se antes mesmo de saber os motivos seu coração acelera, fico imaginando sua reação quando souber!

Respirei fundo, voltei para a pedra e resolvi conversar: Então você estava me vendo o tempo todo aqui na pedra? Sabe o que perguntei para a vida? E sabe a resposta?

– Olha, eu não estava apenas te vendo ou ouvindo aqui na pedra, eu te vejo e ouço desde sempre. Estava contigo em todos os momentos que você sonhou e planejou sua vida, assim como, em todos os momentos que seguiu por caminhos tão distintos. Você acha mesmo que não sabe os motivos? Peço que me ouça e no final, se tiver alguma coisa para falar, conversamos!

Quando você fez planos, a vida te deu meios para isso. Ela só não disse quais eram esses meios e também não facilitou as coisas. Seu coração sempre soube o caminho para chegar onde queria, o problema foi que você se perdeu quando entendeu que tudo tem, minimamente, dois caminhos, igual aquela história que todos conhecem, sabe? A menina do capuz vermelho que sabia que o caminho mais curto era arriscado por conta do lobo e que o mais longo, apesar de sofrido, era o mais seguro porque daria a paz necessária para se caminhar.

Assim como a menina, você sempre soube. Quando a vida lhe trouxe um amor, você desacreditou dele, achava que esperar a hora certa ou que um dia ele seria possível era trabalhoso demais, preferiu se agarrar ao que estava ao seu lado, mesmo sabendo que não era esse o caminho, a vida entendeu sua posição e respeitou.

O tempo passou, esse amor continuou dentro de você, e a vida não só quis te dar oportunidades, como ela deu! Colocou no seu caminho pessoas que te libertariam dessa ideia de romance, com isso, você estaria pronto para se entregar. Sei que é estranho achar que uma pessoa surge para nos entregar à outra, mas foi essa a oportunidade que a vida te deu, não uma vez, mas várias.

Hoje você ainda está preso na ideia de romance, quase entendeu o que deveria ter feito, e mais uma vez recuou. Fico imaginando se eu tivesse te dito: “Acredita! Mesmo que pareça loucura de adolescente, ela é o grande amor da sua vida!” Você teria acreditado? Você via uma pessoa distante, vivendo coisas, conhecendo pessoas, crescendo, seguindo. Certo de que nunca teria uma chance, você também seguiu.

A vida não só colocou pessoas no seu caminho que te levariam a ela, como também tirou todas as pessoas que poderiam atrapalhar sua visão, deixou o caminho praticamente aberto para você. Mas você já estava preso à uma ideia de romance, numa situação cômoda e com o coração morto.

Então a vida, danada que só, te deu a oportunidade de ouro, usou da sua maturidade de vida e percepção de tempo com a personalidade descontraída dela e provocou um momento entre vocês.

Você se sentiu pleno para voltar no passado e reviver o vigor da juventude, seu coração não só despertou como reconheceu quem era ela e o grande momento chegou: Ela está ao seu lado, sem amarras, sem história, só vocês dois!

Opa! Calma ae, não! Tem a ideia de romance que te acompanha até hoje. Você precisa de uma certeza de que não é um sonho, quer sentir, tocar, amar, para saber que é real. A vida diz: Ok! E ela te diz: Eu te desejo também e quero saber se é real!

Então os corpos se encontram, os sabores se misturam e as lembranças transbordam. Você não sabe se era apenas desejo ou amor. Ela, por segurança, aposta no desejo porque sabe que você tem medo do amor, sua ideia de romance distorce tudo. Os dois permanecem na inércia do silêncio ensurdecedor.

Então você vem até aqui, senta numa pedra e pergunta: Por que a vida não me proporcionou aquilo que eu queria e sim coisas que nunca cogitei? E eu apareço para te dizer: A vida sempre te deu meios para chegar ao seu desejo mais sincero. Você que não acreditou que o correto era se desprender da ideia de romance para se entregar ao amor. As pessoas que cruzaram a sua vida, te deram essa a parte da visão, mas você com medo, recuou e tornou à escuridão.

Hoje, a vida te deu a última oportunidade, ela cruzou os cominhos de vocês, enfim suas curvas deram em uma única reta. A questão agora não é mais essa, agora a vida que te questiona: Você acredita?

– Pronto! Terminei! Tem mais alguma questão?

– Quem é você?

– Eu sou uma parte de você!

– Qual?

– A razão! Que compactua com a sensibilidade do coração, mas, não é conivente com falta de coragem para seguir o que ele diz.

Árthemis

Perspectivas que mudam a vida

Passamos muito tempo de nossas vidas questionando as coisas ou as pessoas, não percebemos que as coisas ou as pessoas são ou estão no modo em que olhamos.

Nosso olhar determina a direção e o entendimento que temos de nós mesmos e do mundo. Quando esse olhar está fixo, arredio a qualquer movimento, ficamos travados e perdidos, como diria a Antropologia: em suspensão, onde tudo é nada e tudo sendo nada, podemos ser tudo ou nada, pois estamos em estado de devir, aquele que é! (Filosófico demais, né?)

Hoje, meu aniversário (10/11), quis olhar para aquela que eu venho acompanhando há tempos…Um alguém que já falou de seus medos, disse ser um novo alguém e agora estou aqui, diante dela!

Ela não dorme mais, não como antes, onde dormir era refugio do mundo real. Ela está sentada, olhando para a vida, faz pose firme, como aquela que contempla, não aquela que espera. Entendeu que a vida é o instante que se vive, não um eterno lembrar de coisas boas ou um eterno planejar realizações.

Ela está concentrada, parece perceber minha presença, mas não quer interromper o momento sublime. Aguardo. Ela abre os olhos e me olha, e para o meu espanto, não sorri, apenas diz: Me conte sobre você!

Então, olho para o horizonte que estava a nos contemplar e começo a conversa enchendo o peito de ar e me deitando na grama. Entendo que o momento me permite relaxar e sentir as palavras, não temos pressa.

– Falar de mim, falar de ti, falar da vida! Mudamos muito, né? Mudei muito! Não sei se consigo chamar de amadurecimento ou apenas envelhecimento natural. Sei que hoje consigo ter mais paciência em esperar as oportunidades sem me preocupar com o resultado. Não sou refém das expectativas e não vivo apenas no futuro.

Aprendi a amar o presente, pois ele é a única coisa real que temos. Por conta disso, não vivo mais no mundo dos sonhos, continuo sonhando, porém, bem acordada! E acredite, é muito melhor sonhar assim! …rsrs

Sentimentos, um assunto que sempre me deixou inquieta, aliás, nos deixou inquietas, né? Somos reflexo uma da outra, você está dentro de mim e eu sou o seu exterior. Sentir é nossa forma de viver, logo, sentir intensamente é colocar em prática a ação de viver.

Meu coração também envelheceu, não posso dizer que se tornou mais duro, pois já não se apaixona ou se entrega mais, não de forma tão fácil como antes. Hoje ele se permite sentir de forma branda, avalia as condições de uma relação, seja com amigos ou um amor.

Depois de muito refletir, a gente começa a concluir algumas coisas que, na imaturidade da juventude, ficam obscuras e sem sentido. Os sentimentos só são intensos porque ficam livres demais. Não que eu queira prender ou deixar de sentir, mas entendi que para sentir não precisa ser de forma escandalosa, chamando atenção, pode ser tranquila, serena, quase uma valsa.

As pessoas estão mais complicadas, os pensamentos estão cada vez menos amáveis, e para pessoas como nós: com os sentimentos puros e alma transparente, viver diante de tanta superficialidade é cruel. Os humanos estão cada dia mais individualistas e a sensação que temos, é que estamos cada vez mais sozinhos, ou porque nos afastamos ou porque o outro se afasta.

Hoje te encontro aqui, sentada, de peito erguido, querendo respeitar seu tempo e vivenciar o que a vida tem de melhor: o presente, e me pergunto se algum dia a vida será plenamente assim: confiante e segura? Acredito que não, pois como aprendi com os medos, viver uma vida plena é ter o pacote completo, né? Não dá para pular os medos, as inseguranças, os erros se queremos nos sentir plenos.

Hoje olho para você e me vejo, sei que você me olha e se vê, e a leitura que faço é de uma mulher forte, que aprendeu que caminhar sozinha não é estar sozinha, que amar intensamente não é amar cegamente, que ter amigos não requer quantidade, mas qualidade, que uma notícia ruim pode e deve ser encarada com viés positivo, que a tristeza deve ser sentida e vivida, mas não assumida como direção.

Ser feliz requer equilíbrio espiritual, mental e físico, mas acima de tudo, requer uma consciência tranquila, com ações construídas com a base no bem, com o olhar cada vez mais humano para o ser humano, ter a compreensão de que o amor é um sentimento universal que deve ser espalhado com muita força e vontade! Bom, é isso que tenho para dizer, e você?

– Eu? …. Bom, só quero dizer uma coisa, aliás, pedir uma coisa: Contemple a vida para que ela te contemple de volta!

Ártemis

 

Desatando os nós

Nós damos nós na corda da Vida…mas isso não significa que são nós cegos, pelo contrário, eles só fixam as coisas ou pessoas na corda, eles podem ser desatados por nós a qualquer momento. Muitas vezes, alguns nós podem ser de outras pessoas, elas podem dar nós em nossa corda, assim como podem, também, desatá-los.

Uma coisa é certa, nada acontece porque tinha que acontecer, as coisas sempre terão motivos de serem. Se uma pessoa desata o nó e sai da sua vida, teve um motivo, assim como ela teve um motivo para atar. Um erro comum é acharmos que a vida é assim mesmo, muitos chegam, alguns seguem e outros ficam, de forma natural. Não! Não é natural, teve um motivo.

Um equivoco é nunca querer saber os motivos, o medo faz com que os equívocos prevaleçam, deixando nossas escolhas confusas, sem sentido. Achamos que estamos no caminho certo, já que a vida é assim mesmo e tudo ficará como deve ficar.

Quando deixamos o medo tomar conta da nossa corda, acabamos desatando muito mais nós do que atando novos. Nossa corda é dinâmica, por mais que se acredite em destino, planejamento antes de reencarnar, arquitetura espiritual, por mais que tudo isso faça sentido, existe o livre arbítrio para apimentar ou “desequilibrar” esse planejamento redondinho.

Quando temos certo que a vida está pronta e basta seguir, esquecemos que a vida está pronta apenas como um caminho, as escolhas que aparecem ao longo do percurso não estão programadas, aliás, são impossíveis de prever, porque elas são frutos do nosso livre arbítrio.

Tudo pode ser previsível: o tempo, o comportamento, as tendências…mas não se pode prever nossas escolhas diante dos fatos que podem surgir na caminhada, afinal, hoje somos uma pessoa, daqui a 1 minuto somos outra, já dizia o filósofo: Não se banha no mesmo rio duas vezes. O rio não será o mesmo e nem quem se banha será!

Acreditar que não podemos fazer nada diante do que está programado, é fugir do amadurecimento e deixar por conta do acaso. Nossa vida tem um piloto, tem tripulação e é cheia de imprevistos e desafios. Nosso livre arbítrio determina o ritmo e nossas escolhas o caminho!

Quando saímos do automático

Estamos em plena era digital, onde tudo foi substituído por aplicativos, sistemas e programações. Você não precisa mais se preocupar se tomou 2 litros de água ao longo do dia, porque tem um aplicativo que toca de hora em hora avisando que você precisa tomar água.

Não consegue se exercitar? Fica tranquilo! Tem um aplicativo que te manda caminhar quando percebe que você está muito tempo sentado. Tem muitos compromissos e não consegue se lembrar? Agenda no e-mail, afinal, ele fica 100% logado no celular, não que você receba muitos e-mails para ficar com ele aberto, mas é que ele controla a sua vida!

O que seria de algumas pessoas se a internet não existisse mais? Será que elas saberiam o que é dar um “Bom dia!” com a boca? Será que elas ficariam surpresas ao ver esse emotion –> 😀 no rosto de alguém? E ler uma carta escrita com letra de mão?

São Paulo, 10 de novembro de 2015

Saudades!

Olá Cinthia, como você está? Espero que esta carta te encontre muito feliz e cheia de novidades! Eu estou bem, minha mãe e meu irmão também estão! Como está a sua família? Espero que bem também.

Tenho tantas coisas para te falar, que nem sei por onde começar. Esse ano eu entrei  na faculdade, estou cursando Ciências Sociais, já estou terminando o segundo semestre! As notas estão boas, acredito que não ficarei de recuperação em nenhuma matéria. Como são 3 anos, ainda tenho mais 2 pela frente!

Não estou trabalhando, sai do emprego para fazer estágio na área, quero entrar o quanto antes nas escolas e nos projetos sociais, pois quando eu me formar, quero ter uma certa bagagem, tem que se preparar, não é verdade?

As amizades foram se perdendo ao logo do ano, neste momento, enquanto escrevo essa carta, posso afirmar que não tenho nenhum amigo 100% ativo na minha vida, todos estão por ai vivendo as suas vidas virtuais, acho que com você a coisa não deve estar diferente, afinal, somos tão parecidas no campo da amizade, né?

No amor é aquela velha história: sem saco para bancar a legal e sem pique para bancar a babá! Muito blá blá blá e pouca atitude, muito papo fiado e pouca inteligência, muita beleza e pouca essência, ou seja: solteira!

Ai amiga, sinto saudades de você! Trocaria mil cartas por 1 minuto ao seu lado, ouvindo a sua voz, olhando nos seus olhos, pegando na sua mão, bagunçando seu cabelo, vendo seu sorriso, caminhando do seu lado! ❤

Espero loucamente sua carta, quero saber como estão as coisas e quando vamos nos encontrar novamente. Lembro que você disse que: Amiga, não se preocupe! Logo eu volto e tudo será como antes! Te amo!

Fica na paz!

Com amor, Cinthia!

É… e se não existisse a internet? E se eu não tivesse desabilitado o meu aniversário no Facebook? Será que alguém lembraria que dia 10 de novembro é o meu aniversário? Acho que não…

A dor que o vazio traz

Muitas vezes quando estou recolhida em meu silêncio, minha mente fica vagando no tempo, buscando momentos alegres para deixar meu dia alegre. Isso acontece quando eu mergulho numa tristeza sem tamanho.

Por que será que isso acontece? Por que a vida vira assim, sem mais nem menos? Acredito que não seja sem mais nem menos para os outros, para quem decidiu mudar, fugir, sair, ficar preso dentro de si, mas para quem ficou do lado de fora, para quem ficou falando sozinha, para quem acordou e se vi viu sozinha, a vida mudou do nada.

Quando isso acontece, você fica perdida, você fica se perguntando mil coisas: onde errou? O que falou? Qual atitude magoou? …Fica buscando respostas para as perguntas que vão surgindo, as respostas não virão, mas as lágrimas sim. Essas surgem toda vez que as lembranças trazem cenas, como um filme num cinema vazio, onde a platéia são seus olhos e o silêncio representa o sentimento em que sua alma se encontra, no nada existencial.

Por que as pessoas são assim? Por que ela se fecham em seus mundos quando bem entendem sem se importar com quem fica fora? Será que elas não percebem que o mundo é feito de sentimentos compartilhados? Será que é medo de receber tamanho amor? Por que as pessoas saem correndo e te deixam falando sozinha? O que será que falei? Não percebi em momento algum ter ferido sentimentos ou causado mal estar. Será que são as pessoas que não têm coragem de serem sinceras e fogem para não encarar a si mesmas?

Fico vagando no mundo das lembranças, tentando me fortalecer no que já foi sentido para continuar seguindo. Apesar da dor que dilacera o coração, a vida tem que seguir. Mesmo sem as respostas, a vida tem que seguir.

E quando você percebe que o lugar foi preenchido? Por quê? Como eu perdi o espaço que tinha? Por que você conversa com outras pessoas sobre assuntos que eram tão nossos? Por que os seres humanos são substituíveis em certos momentos?

Um dia alguém me disse: “Quando eu não sei lidar com o que sinto, eu fujo, eu me afasto, saio de cena sem dar a menor explicação!” Então eu falei: “Mas você não pensa em quem fica? Na dor de quem fica sozinho a olhar você sumir cada vez mais e com ares de quem não vai voltar? …”Não penso em nada, saio correndo! Não sei como agir, nem tão pouco sei o que dizer, a única coisa que sei, é que preciso sair correndo, preciso ficar só comigo…”

A leveza do gesto de sair correndo, de se fechar em si, de ficar em silêncio pode ser libertadora para quem decide ir, mas a leveza sentida pelo o ser que fica, é dolorosa demais, sufoca, tira o chão, desnorteia, tira o foco, o mundo gira…

Quero responder já que não tenho respostas: Fique sabendo que dói … ficar sem respostas dói… perceber no olhar a indiferença do recolhimento, dói … respeitar o silêncio, dói… ver seu perfil sumindo no horizonte, dói… ficar sozinha sem ao menos saber o motivo, dói… admitir que queria ir junto, dói… saber que não pode ir junto, dói… entender que deve olhar para frente e seguir, dói… tudo que fica, quando as pessoas se vão, causa dor… A insustentável leveza do ser, dói… o vazio dói…

 

Um novo alguém

E por muito tempo ela dormiu! Eu fiquei aqui observando e vivendo. Amanhecia e eu seguia, caia à noite e eu voltava… e nesse baile natural, os anos se passaram, pássaros voaram, borboletas nasceram, flores murcharam…e ela acordou!

Fico agitada! Nossa, quem será esse ser que desperta? Quem será esse ser, que até hoje não sei seu nome ou será que sei? Quantas coisas tenho para perguntar, para contar. Será que ela é mais feliz hoje? Será que eu sou mais feliz hoje? Será que mudamos muito ou será que nada mudou?

A última coisa que conversamos foi sobre os medos, lembro que foi bem intenso. Hoje talvez ela não tenha mais tantos assim ou aprendeu a lidar com os que já tinha. Nossa, que euforia! Quero que ela me veja, quero olhar para ela, perceber o seu despertar manhoso, como quem não quer levantar, quer ficar mais 5 minutinhos de olhos fechados.

Ela me olha, me encara fixamente, parece confusa, parece não me reconhece, mas assim que arregala os olhos e percebe que sou eu, ela abre um sorriso tão bonito, talvez não acredite no que está vendo, o tempo passou e eu continuei ali velando seu sono, cuidando da vida mas sem deixar de observá-la.

– É você! Como me alegro por ser a primeira pessoa que vejo ao despertar. É tão rara a minha vinda para a sua realidade, sempre fico bem no interior do meu eu, do seu eu. Acho que já notou que mudei, né? Estou mais falante…rsrsrs…e menos receosa ao me aproximar de você…

– Uau! Sério mesmo que é você? Como está mudada, parece mais confiante, mais segura de si, parece que descobriu o amor! Como foram esses longos anos de profundo adormecer?

Ela se ajeita, se recompõe, desperta de fato e como quem se prepara para uma longa conversa, fecha os olhos por alguns instante, num gesto de quem busca, de forma profunda, todo o conhecimento que se deseja expor, então começa:

– Sinto que mudei mesmo, na verdade amadureci. Ainda tenho os mesmos medos, porque descobri que certos medos não perdemos nunca, pois eles fazem parte do nosso aprendizado. Viver sem medo significa não ter mais nada para aprender, não ter mais nenhum horizonte para conhecer, não ter mais o que arriscar. Os medos fazem parte da nossa caminhada e é normal senti-los. Mas cuidado! Não podemos ser reféns por achar que temos que sentir, os medos existem e devem ser ultrapassados em seu grau momentâneo, para que ele evolua junto com a alma.

Quando nos falamos da última vez, eu ainda não sabia quem eu era, parecia que tinha acabado de nascer. Nesse meu longo período de hibernação espiritual, muitas coisas foram reveladas, muitas palavras foram ditas, muitos sentimentos foram sentidos e um mundo novo se abriu diante de mim.

Fui até esse mundo que eu já fazia ideia que existia. Quis saber mais sobre ele, quais eram seus habitantes, como era sua organização, qual influência exercia em mim. Percebi em pouco tempo de chegada que, tudo que existia nele, também existia em mim. Eu sempre fiz parte dele, nunca fora imaginário, sempre foi o meu lar, onde me refugiava para sarar o carte, para sanar a dor, para receber a orientação, para ter sustentação, para me banhar de luz e de muito amor.

Existe um mundo dentro de nós, cujo guardião de sua chave fala conosco o tempo todo. Pare um momento e ouça, ele grita! Ele faz seu coração pulsar, acelerar, serenar. Ele faz sua alma vibrar, sua energia irradiar, seu poros captarem.

Me deixei levar por esse guardião que sempre esteve comigo e que agora, nunca mais deixarei de estar com ele. É como se eu também estivesse dormido por muito tempo lá, e ele também velou meu sono. Mas não é como você, que vela aquela que está dentro de você, ele vela aquela que pertence àquele mundo, aquela que é dona da chave que ele tem a missão de guardar e entregar sempre que ela regressar.

Não sei dar nome a esse mundo, pode ser o mundo dos sonhos, o mundo da imaginação, o mundo dos sentimentos ou até mesmo o mundo espiritual. Acredito que o nome é a última coisa que queremos saber quando se está nele, pois o turbilhão de coisas que vão acontecendo são bem mais relevantes, querer captar cada sentimento, gravar cada mensagem, assimilar cada lição. E como é bom estar lá, tudo parece fazer sentido, tudo ganha uma compreensão fora do comum, diria que é transcendente, não consigo encontrar palavras para descrever.

O que posso te falar é que, uma vez lá, nunca mais se retorna ao que era. Sua visão ganha uma clareza, percebe-se que se esteve o tempo todo cega, não adormecida, cega mesmo. Pois eu estava lúcida quando via fragmentos desse mundo em meus sonhos, mas a cegueira espiritual, me deixava em volta à uma camada densa de nevoa, então você abre a porta e o sol limpa tudo, e como é bom!

Acho que hoje quem vai ficar em silêncio será você, né? …rsrsrs… Retorno de um logo sono e nem deixo você falar sobre você… é que foi tão bom estar lá que logo você vai sentir tudo isso, aliás, acho que já está sentindo, não é? Vejo em seus olhos o brilho que ganhou com o meu retorno, e como você sente tudo o que sinto, já deve saber do que eu estou falando, não é?

– Sim! E nossa, como é bom!….

Ártemis 

Como eu odeio os covardes!

Por mais que o tempo passe, meu coração não consegue deixar de sentir amor por você. Acredito que esse sentimento tenha perdurado pelo fio do tempo, e como não foi vivido em sua intensidade, ou talvez, nem se quer teve oportunidade de existir, ele veio vida após vida, no anseio de poder te encontrar.

Meu coração é teimoso, se entrega aos devaneios da vida, mas ele também é muito sábio, ele sabe o que está fazendo e o que sente quando te vê. Você não sente que ele te reconhece? Você não percebe que ele quer estar aonde o seu coração está?

Nossas almas se conhecem e se pertencem, em meus sonhos elas vivem livremente esse amor, deve ser por isso que é tão chato acordar, porque privo duas almas de se amarem. Por que você dorme em sua existência? Por que você insiste em achar que não sabe ou que não nasceu para amar?

Muitas vezes fico pensando se devo me declarar e esperar sua reação. Se devo lhe apresentar o amor em forma de gesto e esperar sua compreensão. Peço aos céus uma luz, porque apenas sentir já não basta mais, eu quero viver! Quero dividir momentos com você!

Parece loucura, a dor é física mas o sentimento não é de agora, não te conheci hoje, nem tão pouco ontem. É tão claro pra mim que esse amor não é de hoje, mas o que acontece com esse coração que passou toda uma eternidade a vagar pelas existências e quando se depara com o que buscava, simplesmente não consegue avançar? Não consegue ir além do sentir?

Deve ser o medo da rejeição, já que você não reconheceu a alma que traz essa marca, ou deve ser um sinal para que esse amor não seja vivido. Pode ser que, na verdade, esse amor nos trouxe muitas dores e eu carrego o fardo de senti-lo com a missão de superá-lo, mas como saber?

Queria muito acreditar no meu sexto sentido que diz: Você está certa! Sinta esse amor! Viva esse momento glorioso, onde sua caminhada chegou ao final, vai lá e conquiste o que já é seu, mas que precisa de uma ajudinha para se recordar.

Como eu tenho medo de te perder, mesmo sabendo que a perda na vida terrestre é algo inerente a própria vida em si, que os caminhos podem a qualquer momento se dividirem e que o encontro pode ser prorrogado por mais alguns instantes.

Queria ter a coragem de falar o que sinto! De não ficar apenas te observando de longe, sentindo sua energia emanando, ver o sorriso rindo para outras pessoas, seu olhar se perdendo em outros horizontes. Como queria fazer parte da sua rotina, receber uma ligação sua sem nenhum motivo aparente, te visitar no fim da tarde e te chamar pra jantar em plena terça-feira.

Querer viver um amor verdadeiro é algo realmente muito especial, porque só quem sente, entende que é amor e que é especial, mas nem sempre, o ser que é a direção desse sentimento, sabe o que se passa e muito menos pode retribuir. Como eu odeio os covardes, como eu me odeio…

Ártemis 

E se eu morresse agora?

A vida sempre nos ensina e nos mostra, todos os dias, que tudo, exatamente tudo, que nos acontece é importante. E diante disse, hoje me peguei pensando:  E se eu morresse agora?

Pois é, e se eu morresse assim que eu terminasse esse texto? A resposta é complexa, porque é uma pergunta ampla demais, muitas coisas poderiam acontecer como nada poderia acontecer. Então, fragmentei meu pensamento:

Como eu deixaria o mundo se eu morresse agora? Eu enquanto cidadã, deixaria planos em andamento, uma filosofia de vida jogada no ar e muitos futuros alunos órfãos de um desejo enorme de ensinar.

Eu enquanto filha, deixaria uma mãe que sei que me ama, mesmo não demonstrando isso como quase todas as mães fazem, pois ela foi criada dentro de uma cultura que distanciava os filhos dos pais, para deixar claro o respeito e quem mandava na casa.

Eu enquanto irmã, deixaria um irmão mais triste do que já é, pois, se ele se sente sozinho tendo a mim e a minha mãe, imagina ele sem uma das duas. Acredito que os dois superariam a falta e seguiriam, mas tendo em mente que a casa nunca mais seria a mesma e a vida teria perdido uma cor.

Eu enquanto mãe, não teria vivido nada a não ser a expectativa de ter em meus braços Sophia e Thomas. Um amor que já existe mesmo sem ter nenhuma razão ou motivo para isso, ele existe e morreria junto comigo, já que eles nunca existiriam sem mim.

Eu enquanto mulher, partiria feliz porque partiria amando, com o coração a mil, pra variar. O fato de estar só nunca representou não amar alguém, pelo contrário, para mim, estar só representa ser fiel a mim mesma e só me jogar de cabeça naquilo que acredito, naquilo que me encanta, me causa admiração.

Eu enquanto amiga, deixaria alguns amigos com a relação estremecida e até mesmo, rompida. Talvez esses amigos pensariam: “Putz! Ela se foi e eu nem pude dizer o quanto me fez falta a amizade dela!” … Talvez teria alguém que diria: “Já vai tarde!” (não acho que sou amada por todos os seres)… Alguns pensariam: Qual foi a última vez que eu a vi? (chegariam a conclusão de que faz anos e que agora não teria mais que contar os anos)… Outros chorariam a perda porque não souberam ou não puderam aproveitar o tempo que tivemos… Os mais próximos dariam risada lembrando da última piada que fiz sobre qualquer assunto e o quanto eu os amei até o último instante…

Eu não sei como seriam os pensamentos e os sentimentos dos outros, mas sei que se eu morresse hoje, partiria com a consciência de que sim, poderia ter feito as pazes com as pessoas que optaram por se distanciar ou por simplesmente não mais ter contato. Poderia sim, dizer que percebo quando não mais completo uma lacuna na vida das pessoas e sou substituída por outras amizades, que se tornam mais próximas ou mais representativas no momento atual dos meus amigos. Poderia sim, ter ficado ou até mesmo namorado, mas preferi deixar o amor eternizado na amizade que é especial e sempre será.

Poderia ter dito para a minha mãe que ela pode me abraçar e me beijar, minha avó aprovaria esses gestos de amor. Poderia dizer para o meu irmão que, se eu pudesse, realizaria todos os sonhos dele se, com isso, eu conseguisse tirar mais sorrisos dele.

Poderia ter dado mais broncas nas pessoas imaturas e ter evitado sofrimentos desnecessários para o ser humano. Poderia ter desencanado mais com as coisas que vi e senti…poderia ter feito tudo de forma diferente…

Eu poderia ter sido ou ter feito tudo de forma diferente, mas seria arriscado demais, pois eu poderia não ter todas essas palavras e nem todos esses sentimentos a flor da pele, então eu não seria quem eu sou, eu não escreveria esse texto e eu não morreria feliz, pois nada teria sido assim, se eu morresse agora!

Ártemis