Sentir para além de pensar

Quando a vida nos coloca diante de forasteiros, nossa primeira reação é de defesa. Não sabemos o que esperar diante de uma presença desconhecida. Quais são suas intenções? Essa é a primeira pergunta que fazemos. E se perguntassemos: O que fez nossos caminhos se cruzarem? Será que isso mudaria a nossa percepção diante daquele ser desconhecido? Será?

Pessoas entram em nossas vidas das mais diversas formas. Algumas vezes nascemos e elas já estão ali prontas para nos receber. Outras vezes, ganhamos a percepção de ser e olhamos para os amiguinhos da escola e vemos que são especiais. Muitas vezes entendemos que os novos sempre irão chegar, já que a vida é uma constante cheia de ciclos.

Vou falar de alguém que entra em nossas vidas por meio de palavras. Não sabemos seus anseios, desejos, sonhos, sentimentos, compreensão de mundo, mas quando ouvimos as histórias que envolvem essa pessoa, nosso imaginário vai criando uma ideia de como ela é. Não sabemos a cor dos seus olhos, não sabemos sua altura, não sabemos o som da sua voz e nem suas nuances e trejeitos. As palavras são o ideal daquele ser.

Quando as palavras ganham a imagem real da forma do ser, seja por fotos, vídeos ou um encontro casual, nosso imaginário tenta encaixar tudo o que já foi dito naquilo que está sendo visto. A gente observa o olhar, os gestos, ouve o som da voz e começa a construir o ser em si.

A vida pode terminar esse encontro exatamente neste instante. Ela pode deixar esse instante como um convite para um depois ou para um quem sabe, mas, pode fazer desse encontro a primeira ponte de conexão para o além do aqui e agora.

Se a conexão é o resultado deste encontro, a experiência é transcendental, não tem explicação para tamanha identificação e completude. Parece que somos extensão de algo maior. A lealdade é o primeiro sentimento resultante desta conexão. O primeiro encontro já deu origem a tudo que se pode sentir, mas a lealdade surge no momento em que o ser se completa, quando ele deixa de ser a voz que se ouve por minutos, o olhar trocado, a educação social.

Compartilhar ideias, vivências, sentimentos e trazer para a vida esse ser, pode significar muitas coisas e pode levar a diversos caminhos. Quem tem o coração puro e sente de forma profunda nunca espera o Adeus, nunca imagina que esteja sozinho, mas compreende quando a vida mexe as peças e coloca cada um numa posição no tabuleiro.

Perceber o que deve ser feito é algo que exige muita clareza de si. Nosso Ego é predominante em nossas vidas porque ele é o que pensamos. E quase sempre o que pensamos se sobressai ao que sentimos. Porque o que sentimos é o que somos.

O que somos é a verdade sobre nós (sentir) e o que pensamos ser é a mentira (ego) que alimentamos e usamos em momentos de cegueira. Quando questionamos o nosso pensamento, conseguimos chegar perto do que sentimos, logo, do que somos. Não é fácil seguir esse caminho porque o Ego é predominante nas pessoas, é raro alguém sentir mais e pensar menos. Somos estimulados a dar ouvidos a nossa razão e não à nossa emoção. O que não sabemos é que nossas emoções são racionais quando paramos para questionar o que estamos pensando.

Confrontar o Ego, sem medo, sem amarras, despido de tudo é um movimento perturbador, doloroso que sangra o coração. Afinal, a gente passa a ver o que somos e que fizemos em nome do Ego. Deixamos para trás oportunidades preciosas, decisões cruciais e pessoas importantes quando o Ego é o protagonista de nossas vidas. Isso vai doer quando a ficha cair!

Se ou quando a ficha cair, SINTA a dor que faz de você o que você é. Não PENSE, apenas sinta! O Ego morre quando sentimos. E quando sentimos, percebemos que ainda temos tempo para oportunidades, para decidir e para recuperar a importância das conexões!

Deixe um comentário